terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Guantánamo




Uma das promessas do recém eleito Presidente dos E.U.A., Barack Obama, era o fecho da prisão militar, parte integrante de uma base naval da Baía de Guantánamo, no território ocupado pelos norte-americanos em Cuba.
Sem muita surpresa da minha parte, esse fecho, prometido como célere, foi adiado.
Mais do que o simbólico fecho da dita prisão, acho que é mais importante lembrar o que esta significa.
Desde os atentados de 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos, sob a administração do nada saudoso George W. Bush, fizeram aprovar leis (supostamente anti-terroristas) que permitem o direito a declarar pessoas como suspeitas de terrorismo e detê-las, sem culpa formada, impedindo-as de ter acesso quer a um advogado, quer à própria família. Mais do que isso, existe a possibilidade de serem feitas vigilâncias sem mandatos do tribunais e detenções secretas, às quais virtualmente qualquer pessoa pode estar sujeita.
Não é preciso muito para se perceber que tais leis, diminuem os direitos constitucionais, não só de cidadãos dos E.U.A., como de todos os cidadãos do mundo, violando o Direito Internacional, as Convenções de Genebra e toda e qualquer noção de bom senso.
Mais ainda é fundamental lembrar que os Estados Unidos, a maior potência imperial da história, são também a maior nação terrorista de sempre. Apesar da "imprensa doutrinária", como escreve Chomsky repetidamente, nos desviar a atenção da verdade, devemos ter em conta que os auto-proclamados, "polícias do mundo", financiaram terrorismo em todos os continentes. Vejam-se os exemplos na América(onde promoveram atentados e guerras na Nicarágua, Costa Rica e Cuba, etc.), em África (tendo actuado, inclusivamente, contra o imperalismo ultramarino português) e na Ásia (onde apoiaram o general Suharto, no nosso conhecido Timor-Leste, Saddam Hussein no Iraque, etc.).
É obviamente importante fechar a prisão mas a questão que coloco é: Quem são na verdade os terroristas?

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mais crise





Continuamos com esta história da crise. Não querendo ser presunçoso mas já sendo, devo salientar que o meu discurso, por muitos adjectivado de delirante, mesmo que só através de um olhar, de uma pancadinha nas costas ou uma gargalhada arrogante, se chega cada vez mais próximo da realidade. Seria interessante ouvir agora os que me apelidaram de alarmista adjectivar o recente discurso de Mário Soares por ocasião do Ano Novo, em que fala claramente em ingovernabilidade, propagação e agravamento da violência e do tumulto social que já teve início na Grécia (sim, aquele país que confortavelmente estava sempre atrás de nós, na cauda da U .E., antes da adesão de alguns países de leste).
Durante os vários meses que sucederam o “crash” da bolsa de 2008, o nosso governo, seguindo a política “d’o que se faz lá fora”, tentou escamotear as verdadeiras consequências da crise, embandeirando em arco que “nós ainda nem sequer entrámos em recessão” quando era óbvio para todos que isso seria inevitável. Não me restam quaisquer dúvidas que esse adiar das más notícias teve um interesse propagandístico, em que o admitir do mau estado das coisas iria travar ainda mais a economia. Infelizmente, ao esconder a verdade do povo, os nossos governantes estão também a impedir-nos, enquanto sociedade, de estarmos preparados para as dificuldades que se avizinham. Será certamente difícil discernir entre a informação útil e a que seria responsável pelo perigoso pânico. Pensava que o tempo em que a ignorância era força já tinha passado, pelos vistos não! Além disso, o democrático interesse dos governantes em perpetuarem-se no poder, fá-los alienarem-se das suas próprias responsabilidades e projectarem noutros, muitas vezes distantes e mal identificados, as causas dos problemas sociais que têm e em última análise, capacidade para os resolver.
Hoje foi o dia do anúncio da recessão, sendo que este oficializar das coisas serviu apenas para afastar ainda mais o povo dos seus governantes, principalmente por ter pecado por tardio e insuficiente. É nestas alturas de crise e de ruptura que existe uma maior necessidade de sintonia entre nós e os nossos líderes.
O desemprego continuará a aumentar à medida que as maiores empresas arrastam as mais pequenas e as ainda menores. A onda de choque está longe de ter atingido o fim da sua propagação. As medidas de salvamento e de nacionalização dos prejuízos, conforme o previsto, vão revelar-se erradas e insuficientes para travar as consequências da morte iminente de um sistema moribundo. Este crescente número de desempregados, apesar do prudente aumento do subsídio de desemprego, trará consequências para além do imaginável para a maioria de nós. O desespero que tornará impedirá muitos de manter o tecto e alimentar os seus, para muitas pessoas trará certamente problemas sociais até há poucos meses impensáveis.
Manuel Alegre lembrou há poucas semanas um risco secundário ao início da violência e do tumulto social, o risco do regresso da ditadura! Foi assim que começou o fascismo na Europa há décadas atrás, e é preciso que mantenhamos os espíritos em alerta. Facilmente poderá passar a fazer sentido para muitos, a necessidade de “por esta gente na ordem”. Todos sabemos dizer que o fascismo, os nazis, Hitler e Salazar eram criaturas pérfidas, assim fomos ensinados. É fundamental, além disso, perceber em que circunstâncias esses indivíduos apareceram e tomaram o poder. O risco, como diria José Gil, filósofo português, da “não inscrição” destes conceitos no consciente colectivo pode trazer problemas passados de novo à actualidade. Seria muito triste termos que viver problemas repetidos e ver anulados esforços dos nossos antepassados em criar uma sociedade melhor.
É altura da sociedade se unir, as pessoas em dificuldades são hoje um número tal que beneficiam a formação de uma consciência colectiva e de uma mentalidade revolucionária. Apesar do meu pessimismo e medo em relação ao período tumultuoso que vamos viver pelo menos em 2009, é também meu dever admitir que é altura de encontrar novas soluções e de instituir novos hábitos na nossa sociedade.
Chega de alienação e de sensação de impotência! É preciso MUDANÇA! Estou farto de ver eminentes líderes de esquerda serem esmagados com argumentações de que as experiências de esquerda falharam por todo o mundo, citando os exemplos soviéticos, chineses e cubanos. Então e o sistema capitalista em vigor, não está falido? Esse “mundo democrático capitalista neo-liberal” não está a ser responsável pela maior divergência da história entre ricos e pobres? Porque ninguém faz essa pergunta tão simples? Porque temos de viver neste sistema financeiro, quase divinizado, dogmatizado e incontestado para sempre? Porque não está a política verdadeiramente em discussão?
A única coisa que é facto é que o sistema actual também falhou, e sendo o sistema mais à direita de sempre, a única saída será uma variação para a esquerda, seja de que maneira for, seja qual for a nossa ideologia política. Disso, não restam dúvidas!
É preciso por em causa a doutrina dos empréstimos, da banca, do emprego medíocre! É preciso união e fazer a política para o povo e não para os políticos e os seus amigos! O voto em si não chega, é preciso pressão e discussão. É preciso pressionar os líderes políticos a chamarem a si a responsabilidade óbvia que têm. A crise não é justificação para tudo, nem os preços do petróleo nem a conjuntura! Se eles é que mandam, que mandem!
Infelizmente, só um tolo não percebe que não são os senhores em quem votamos que mandam, mas sim os detentores do capital. E é isso que não pode ser!



Abraços revolucionários para todos!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Mensagem de Ano Novo

Caros escassos leitores,

Desejo a todos coragem e força para enfrentar os problemas imensos que teremos em 2009!
Por razões várias, entre as quais, devo admitir, se encontram a minha característica preguiça, não tenho dedicado muito tempo à escrita. Prometo não escrever textos tão fracos como os dois últimos, que confesso ficaram uma porcaria!
Terei novidades para muito breve, já que a minha desviante mente fervilha de ideias!

Abraço

João