segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Paranóia



Há poucos dias, assistia atentamente a um debate no canal BBC World. Falavam sobre o sistema CCTV (Closed circuit television) - o conhecido sistema de videovigilância, implementado há muito nas ruas de Londres. Eu, dando mais uma vez azo à minha veia conspirativa, acho mal. Acho péssima a ideia de haver alguém que nos possa, se quiser e bem entender, vigiar-nos seja onde for. Como se já não bastassem as câmaras das bombas de gasolina, as que estão à frente e dentro dos bancos, dos hospitais e dos restaurantes! Eu podia continuar a numerar os sítios onde esses pequenos circuitos "fechados" já existem, mas pelo simples facto de ser aborrecido para mim, não o faço.
No referido debate, falavam da intenção de ampliar a rede CCTV em Londres, bem como da sua implementação pelo resto da Europa. Os que eram a favor de "uma câmara em cada esquina", defendiam que este equipamento previne o crime e ajuda a resolver os crimes que forem cometidos. Gosto especialmente deste último argumento. Faz-me lembrar aqueles anúncios de pasta de dentes e manteiga becel - dizem que ajudam (porque não podem por lei enganar as pessoas e dizer que curam ou previnem) a tratar do tártaro e do colesterol.
Já os indivíduos do não, os paranoicos como eu, mostravam números que apontavam para os grandes custos do sistema e para a incapacidade preventiva do mesmo. Obviamente, da mesma maneira que não se pode ter um polícia em cada esquina, também não se pode ter um par de olhos em cada ecrã e os sistemas informáticos ainda estão a anos-luz de ser capazes de detectar comportamentos suspeitos. Além disso, e como não poderia deixar de ser, falavam da possibilidade de entrarmos numa espécie de Big Brother, do qual não podemos fugir.
Claro que a estes últimos argumentos contra a instituição de uma sociedade orweliana, surgiram respostas como:
-Quem não deve não teme!
-Isto é para a nossa protecção!
-Isso é a teoria da conspiração!
É curioso que as últimas três linhas deste post, me fazem lembrar os argumentos a favor da censura e da PIDE, ainda no tempo da outra senhora. Faz sentido! Afinal de contas, é um mal menor e necessário. É para nosso bem! Gostava sinceramente de saber o que faria o saudoso Salazar, se tivesse podido equipar a sua Polícia Internacional de Defesa do Estado com semelhante tecnologia...
A verdade é que já vivemos em democracia há 35 longos anos, uma verdadeira eternidade em termos históricos. Apesar de, desde que há registos históricos fidedignos, os sistemas opressivos e ditatoriais se terem instalado ciclicamente, vi outro dia na televisão que parece que tais regimes nunca mais vão surgir. Fico tranquilo.
Há que dar razão a quem tem razão! E quem quer ser filmado em todo o lado, tem razão! Afinal de contas, quem anda por aí sem medo de ser roubado, violado, extorquido, torturado e assassinado a qualquer momento, não está certamento no seu pleno juízo...

Mémé!!!