terça-feira, 18 de novembro de 2008

Jornalismo




Ultimamente não consigo ver as notícias no telejornal em Portugal sem sentir uma sensação quase avassaladora de constrangimento. A superficialidade com que são transmitidas as notícias é exasperante, impossibilitando o verdadeiro conhecimento de seja o que for. As opiniões são transmitidas livremente pelos jornalistas impedindo (ou dificultando) a formulação das nossas próprias ideias. Neste momento parece que o que interessa são grandes títulos, plenos de sensacionalismo, capazes de por o nosso cérebro no automático. É que mesmo só relatando factos eles podem, através da sua selecção, condicionar a opinião de quem os está a ver. No entanto, parece-me que o viés é duplo quando o facto selecionado vem já com um kit de opinião.
Além disso, não consigo deixar de falar na incompetência de grande parte dos jornalistas (começando já agora pela inestimável e inigualável Fátima Campos Ferreira cujas perguntas me envergonham, embaraçam e me provocam aquela sensação de vergonha que às vezes nos faz mudar de canal - ressalvando que os debates de 2a-feira à noite não são só maus) que muitas vezes são responsáveis por verdadeiras enormidades que são ditas em horário nobre. Quando se fala em saúde (falo em saúde porque a minha formação superior em medicina me permite fazer um juízo mais informado das notícias) cometem-se verdadeiras atrocidades contra a ciência, dizendo-se coisas totalmente desprovidas de sentido e fundamento. Se o meu conhecimento nesta área me permite triar toda essa informação, o mesmo não posso dizer sobre àreas que não domino, como o direito ou a economia. Fico com a sensação que se não capazes de fazer uma boa investigação na minha área, o mesmo se deve passar nas outras. Quem não se lembra do mortífero adenovírus que liquidou uns quantos com as suas pneumonias. Na altura, os media fizeram um grande aparato, quando na verdade o dito bicharoco é uma das causas mais vulgares e frequentes de pneumonia, vitimando muitas vezes os habituais velhinhos e imunocomprometidos. Já nem vou falar no maldito Staphylococcus Aureos.
É a sensação de manipulação das notícias que vejo que me provoca o constrangimento. Não consigo ver notícias sem ficar com a ideia de que a censura está de volta. Obviamente que não se trata da censura clássica com os carimbos e rabiscos a caneta vermelha, é antes uma de outro tipo, encapotada e disfarçada.
Gostava sinceramente de saber quem escreve o que passa nos telepontos e que os senhores pivots (que importa estarem impecavelmente engomados e maquilhados além de dotados de uma universalmente aceite aparência) tão extremosamente papagueiam. Fico a pensar se a por demais evidente frivolidade das notícias não será propositada, se os factos não são abordados por ignorância, se por conveniência. Será que as notícias que as pessoas têm paciência para ver são mais importantes que as verdadeiras notícias?
O que importa é ver o telejornal e estar informado, saber se a economia cresce ou decresce, as percentagens da variação das acções da Mota-Engil arredondadas até às centésimas, os resultados do jogos do benfica, as afirmações do Paulo Bento e os comentários do João Vieira Pinto (o menino-de-ouro, o do soco no árbitro), as eleições nos states e o número de vítimas e atentados terroristas (perpetrados por fulanos de barbas - os chamados fundamentalistas islâmicos).
Saber porque milhares fulanos de pelo facial proeminente (e outros) explodem o próprio corpo entoando frases de ordem contra o nosso estilo de vida e contra os nossos governantes, em nome de uns consideráveis milhões; saber como funciona a economia e porque cresce e decresce; saber para onde foi o dinheiro do BPN; onde estão as armas iraquianas de destruição maciça; porque o Bin Laden antes era bom e agora é mau; ou saber o porquê de seja o que for não dá audiências - por isso não interessa!
Mémé!

3 comentários:

Anónimo disse...

não sei o que é pior se é pensar que as noticias são manipuladas para abrangerem o geral da população ou se é pensar que não há mesmo nada de mais interresante nesta realidade.
que habituaram -se de tal maneira ao mediano que nao há espaço para mais nada nem para o pessimo nem para o espetacular nem se quer para o simples.
qque estamos marginalizados quase com medo de falar e não conseguir parar e deixar todo o mundo um pouco mais desconfortável por aceitarem o mediano o assim está bom em vez de arriscarem o optimo o pessimo o real inovarem sairem desse ciclo viciioso da porcura de audiências da venda de jornais de ser algo mais algo que fique algo que não seja apenas para preencher papel algo que faça com que daqui a alguns anos haja a vontade de pesquisar de aprender do passado nao apenas de papeis cheios de nada.
mas pronto na realidade é que nem tudo está asim tão parado começam a haver descobretas interresantes de como salvar o planeta ideias simples e originais que um dia poderão vir a ser noticias quando os senhores jornalistas se deixarem sempre das mesmas coisas.
agardecemos e só pedimos mais e melhor. não é pedir muito pois não?

Rituxa disse...

Concordo!
Pouco ou nada se aprende com as noticias que dão nos nossos canais!
É praticamente um entretenimento, nada mais!

Beijos primão!

mpm disse...

1º nao percebo essa coisa do memé (explica lá fachavor)
2º pára de ver noticias!
se a vida que vês nessa espécie de espelho que é a tv não te parece um reflexo verdadeiro pára de lhe dar atenção. nunca ouviste dizer que aquilo em que concentramos a nossa energia cresce? sê um foco de mudança joaozinho, se há alguem que o pode és tu. não desperdices a tua energia em coisas que te degradam, investe-a naquilo que te constroi. só a opiniao de uma amiga que gosta de ti.
beijinho grande. tata