sexta-feira, 15 de maio de 2009

Demagogia




Lembro-me de uma altura, estava eu no 9º ano, em que um amigo brincava nas aulas com a palavra demagogia. Era, e é comum, ouvir os políticos usarem-na em tom de acusação de uns para os outros. Ele tanto brincou com a situação, que acabou obrigado por um professor a fazer o exercício de procurar a coisa no dicionário, uma vez que não tinha sido capaz de a definir na aula.
Façamos hoje, um exercício semelhante.

A palavra vem do grego, e significava originalmente a "direcção do povo".
A primeira definição do dicionário da Porto Editora reza assim: submissão excessiva da actuação política ao agrado das massas populares. Começando com o paternalismo da palavra "excessiva", a definição é, de facto, magnífica! Uma vez que o vocábulo é utilizado em tom de acusação, devo assumir que os políticos NUNCA devem agradar às massas populares. As massas devem então, ser tratadas como um rebanho. Sempre que ouçamos a partir de agora, por exemplo, o Paulo Portas acusar o Manuel Pinho ou o Sócrates de demagogia, imaginar-nos-emos em rebanho. Ovelhinhas, cabrinhas ou vaquinhas, Sócrates é o nosso pastor. Na verdade, talvez o Cavaco tenha até mais pinta de pastor. Afinal, a piada do bolo-rei, que é agura lugar-comum, dá-lhe aquele toque de pastoreio. Agradar às massas é mau, portanto voltemos aos açoites. O senhor que tantas vezes tem saliva branca nos cantos da boca, diz que é aquele pasto é mais espectacular, portanto vamos pastar para lá! Acreditamos, ou melhor, nem questionamos. Mémé!
Fazer demagogia, segundo o mesmo dicionário, é ter uma actuação política que se serve do apoio popular para conquistar o poder. Para quê o apoio popular?! Não é preciso. Os nossos "pastores" podem usar uma qualquer política económica de pasto sem nos consultar. Podem iniciar guerras (sabiam que a maioria esmagadora das pessoas teria votado contra a guerra no Iraque, em todos os países da Europa e inclusivamente, nos E.U.A., antes do Bush dar fogo à peça?), fazer novas constituições, construrír pontes, aeroportos, mudar de frota automóvel a todo o instante (como fez agora o Jaime Gama, et al.), fazer políticas obscuras e claramente lesivas para os trabalhadores mais pobres, sem que praticamente nenhuma ovelhinha concorde. Pensava que isto do povo apoiar a actuação política era uma coisa boa, principalmente quando concorda com ela. Devo estar totalmente errado. Sem dúvida! O dicionário e os deputados da Assembleia da República, estão todos ali para mo mostrar, uma vez que esgrimem a palavra de uns para os outros como se de um pau se tratasse. Digo pau nesta última frase, porque espada é muito fino, para o respeito que me merecem a maioria desses indivíduos.
Por último, acrescenta a mesma fonte de significados de palavras, demagogia é abuso da democracia. Percebo que a a "submissão da política à vontade do povo" é ao mesmo tempo o "abuso da democracia" e fico confuso. Estamos na "Era da ambiguidade". É fabuloso constatar, que a direcção e o agrado do povo, estandartes da Democracia que apregoamos por todo o mundo, não são senão o elemento fundamental do "abuso da democracia". 
Dá que pensar...

A opinião do povo não interessa. De tal maneira que até fica mal cumpri-la.

Um pouco no espírito do post anterior, devo constatar que "eles" (este "eles" tinha que saír só para aqueles que me adjectivam de paranóide) conseguiram!

8 comentários:

Anónimo disse...

Realmente a democracia de prefeita tem pouco. Mas gostaria de saber se há, se realmente existe, algum outro sistema possível de a substituir para que todos pudesemos viver melhor e que a nossa evoluçao fosse mais rápida?
ou terá a evoluçaõ necessariamente que passar por um tempo por este tempo?

Anónimo disse...

Minha gente... sigam o coelho branco!
Quem disse que nós vivemos numa democracia? Jamais. Que blasfémia. Nós vivemos num neo-liberalismo. Ou seja, o interesse financeiro dirige o país e as finanças públicas. Este é um facto. O Banco Central Europeu e os centrais de cada país são geridos por gente que ninguém conhece nem votou para lá estarem. No entanto, estes fulanos definem a vida de toda a gente. Se passas fome ou se comes mais um bocadinho. Qual democracia qual quê! Neo-liberalismo. O interesse financeiro é um cartel que inclui bancos, financeiras, cadeias de meios de comunicação social, etc. Eles elegem os deputados e os partidos através da propaganda. Nos partidos só os "yes man" é que vão para lideres, pois vão ser dizer "yes" quando é preciso usurpar o povo. E por aqui a fora. Neo-liberalismo minha gente. Abrir os olhos por favor. O lucro é soberano. Tudo em prol do lucro. E claro que são cada vez menos com cada vez mais. Democracia? Como se pode dizer que não é um bom sistema se nunca se experimentou? A democracia é um modo de eleger líderes. Mas a verdadeira política é a acção desses líderes, o puro neo-liberalismo. A democracia não serve para definir políticas, serve apenas para eleger políticos. Capiche? E se continuar-mos a eleger democraticamente neo-liberais mascarados ficará tudo igual. É necessário eleger democraticamente outro tipo de líderes. E como não encontro nenhum que valha a pena... estou a preparar-me para em 20 anos ser eu a concorrer para primeiro-ministro....
Querem um país melhor, eduque-se o povo. Povo inteligente não vai no canto do vigário. Os aldrabões irão vencer neste país até o povinho deixar de acreditar neles. Aí terão de mudar de estratégia....

Pedro Alves disse...

Isto fui eu sem login....

Pedro Alves disse...

olha, como é que pões um contador de visitas?
Isso talvez me fizesse bem ao ego... ou talvez não...
mas tiro as dúvidas!

Fi disse...

Mais uma curta perturbadora

http://www.cultureunplugged.com/play/1081/Chicken-a-la-Carte

Beijinhos

Fi

Fi disse...

Caro João

Espero que estejas em grande na especialidade!
E espero também que estejas tão embrenhado nos estudos que seja por isso que nunca mais nos presenteaste com a tua opinião tão aguardada por todos os teus "seguidores"!
Ou isso ou estás de férias...
Bem, de qualquer forma e uma vez que sou neste momento a visitante nº 1999 (toma lá umas festinhas no ego) queria deixar-te aqui um beijinho e um voto para que te inspires brevemente a teclar para nós.

Fi

Luísa Benevides disse...

João,
Que tal renovar o blog?
Já cansa ver o sorriso "pasta de dentes Couto" do G.W. Bush!
Beijo

Luísa Benevides disse...

De cada vez que aqui venho o nº de visitas aumentou e tu... nada!
Continuas com aquela criatura na "entrada" :P